quinta-feira, 1 de abril de 2010

PAPO SOLTO

Todos os dias ouço sobre aumento nas vendas de automóveis, essa notícia quer quase sempre dizer outra coisa: A economia vai bem, já que mais carros estão saindo dos pátios das montadoras para as ruas. OK, o problema é o que fazer com tantos carros nas ruas das grandes cidades? A medida que o sonho de consumo de muitas famílias de classe média de ter seu carro vira realidade, a cidade vai virando um inferno junto. A engenharia de trânsito geralmente demostra preocupação não com a mobilidade em si, mas com a mobilidade dos carros que circulam pela cidade. Não sou especialista, mas arrisco o palpite de que quanto mais espaço criarmos para os carros, mais espaço eles nos pedirão. O carro deixou de ser um meio de transporte, se tornou status. Se tenho um carro 0km sou bem sucedido, independente do sacrifício que isso represente ao meu orçamento doméstico. Concordo que o estágio de vida em que chegamos demanda deslocamentos rápidos, precisamos chegar em nossos destinos impecáveis, com a roupa passada e cheirando bem, por isso ir de carro é a melhor opção. Mas e quanto ao preço que devemos pagar por isso? Curitiba não é uma cidade perfeita, andando a pé pela cidade vi muitas mazelas como em qualquer outra grande cidade, mas de um modo geral senti que lá existe uma cultura que leva em conta a mobilidade, e não somente mobilidade via automóvel. Está na hora de pensarmos mais criticamente nossas cidades, ver que nelas existem pessoas com problemas de mobilidade física, nossa população está envelhecendo, e isso demanda maiores cuidados com a acessibilidade, sem falar que não fomos criados pela natureza para ficarmos estáticos, primeiro dentro de uma caixa de ferro sobre rodas que nos leva ao trabalho, e depois na frente do computador no trabalho, para finalmente permanecer imobilizados por ataduras invisíveis em frente a tv ao chegarmos em casa. Os resultados de tanta inércia é uma vida doente física e psicologicamente. Mas claro, isso nenhum comercial de tv nos diz, porque um ser passivo consome muito mais que um ativo.

Um comentário:

Edson de Melo disse...

Que que isso Scooby... você foi profundo, agora! Heheheh

(quem ler vai fazer pelo menos uma mini-reflexão de sua vida)